quinta-feira, 8 de março de 2012

O suicídio

GUIDO RENI, Ateliê de Bolonha, 1575 -1642
 Óleo sobre tela, 113 X 91cm., 1625 -1640
Acervo do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand MASP

 


 E na cozinha  fui- me alimentar
 O alimento podre da dor
 A dor que dói no estômago, e digo-te não é fome
 Formigas fazem seus tuneis e levam o alimento da rainha
 Meu ser virou colônia de reprodução canibal
 Eles me comem, comem e me sugam
 E agora não mais o farão
 Pus-me em meu lugar e caminhei em direção a uma árvore imaginária
 Mas a faca cravada nela era bem real para mim
 Pus-me a chorar com as mãos no rosto
O rosto que me denunciava aflita
Agarrei firme a faca e disse a minha melhor amiga que me tirasse de tal tormento
Erguendo meu punho, a sombra da árvore não me cobria
Porém meu sangue cobrira minha pele
Um alvo, uma vida, uma despedida
As formigas não mais alimentavam a rainha
Pois agora o tigre vinha buscar-me
Quando o tigre branco montou em mim
Nem tinha forças pra detê-lo
As forças eram os movimentos repetitivos
Que me faziam gritar por dentro
E o felino branco sempre estava indiferente
Mais parecia que não tinha dó pela sua vitima, que viria a amar sua morte


Maika Rosseau

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