August Courbet- Femme á la Vague
Pecado da carne
Antes pecar que arder
em silêncio perante a cama carbonizada pelos corpos frios de pessoas frias,
isso não é como a água que se molda ao recipiente pressuposto, mas sim como
aquele bloco de gelo que se derrete para se adaptar ao recipiente. Findar o que
já havia acabado, era essa a ideia de destino, nascer, crescer e servir de
alimentos para vermes nojentos, mas caro leitor, eu ainda digo-lhes que é
melhor pecar que arder em silêncio. Digam-me, o que seria da dor sem o gemido,
o que seria do sexo sem o gemido, o que seria da tristeza sem o gemido? Gemer,
gemer, conclusão um tanto acuada quando se pensa na morte, e digam-me, como não
gemer quando se está morrendo? Uma murmura de prazer carnal, não é nenhum pouco
apelativo quando se trata de bálsamos ao invés de corpos suculentos. Oferecem
refeições extravagantes e fartas. Nesse meu diário secreto onde, por hora, não
há mais de ser um segredo, eu vos digo que canibalismo não há mais de ser a
refeição do diabo. Eu as execrava sob minhas curvas quase que mortais, me
alimentar de carne não é barato, e assim me farto e ponho tudo para fora, e
depois como de novo. O eflúvio de
sensações que sai da pele de cada um é a emanação de nossas almas. Elas que por
sua vez dançam e dançam enquanto dormimos o sono da orgia. Pelas ruas que
passei observei que a tristeza sucumbiu os desejos carnais, prostitutas em ruas
vastas e medonhas prontas pra se abrirem a qualquer preço e a qualquer um. Mulheres,
talvez fossem seres perfeitos se não lhes faltassem algo entre as pernas. Algo
que outras tinham de sobra, botões a serem abertos e costurados de volta para
que cada depravação fosse única, não tinham sorrisos sinceros nem olhares
sedutores verdadeiros. A única verdade era sua matéria viscosa, peles secas e
mal tratadas, e engana-se quem acha que a água celeste se atreveria a toca-las.
A cada ida ao inferno um sinal bendito era feito, “ Que Deus me proteja “
Maika Rosseau