quarta-feira, 2 de maio de 2018

Assim que se diz, Adeus!

D. Valls





Quando eu tiver todo o teu amor para mim
E ele em minha mão couber
Irei te partir até que se torne farelos
Soprarei contra o vento até que ele me cegue

O desanimo confundiu-se a ilusão tardia
Passageiro fostes por dentre minhas pernas
Quem és tu que já não o sei
Agora nem sei mais a quem comparar-te

Pois nem como poeta agora ei de saber
Que fostes tu a causa, razão e decepção
Fostes tu a cama, coberta e frio
Eu sigo voando perdida num abismo

M. Rosseau ( Os olhos veem aquilo que o coração acha que sente)

sexta-feira, 20 de abril de 2018

A Prévia De Uma Visão Já Edificada









 
O corpo dói
A carne estremece e chora
A tristeza que antecede a injúria
É a previa de uma visão já edificada

O céu mostra nossa desgraça
E em meu quintal vejo meu corpo flutuante
Como poderia o vento me levar
Se ainda tenho peso e as gramas ainda não se foram

Desperto dentre as noites solitárias-
Cheias de silêncios vibrantes
E nesse negro silencio minha mente ferve
Existe alguém dentro de mim que grita

A besta fala em outro idioma, a compreendo
Ela diz que o céu caíra e eu não mais sentirei dor
Quando encher os pulmões não sentirei dor
E ao esvazia-los sentirei a inercia que busco

M.Rosseau

sábado, 3 de março de 2018

O Renascimento




Monalisa-Da Vinci


Apareces-te de uma mesma forma a qual sumistes
De um espanto visível meu coração
Encheu-se de esperança
Aquela à qual tanto declarava-se perdida

Avinhes-te para pôr em tua lança
Uma ponta cega, pois depois –
De lançada a dor seria pior do que
Se houvera atravessado meu peito

Depois de saborear-se de uma carne já conhecida
A lança trincou-se em uma realidade estupenda
Cravou-se em meu peito e não mais saiu
Agora a dor liberta se fazia crua

Liberto-me de ti
Pois, a lança ainda está aqui
E recorda-me das dores causadas por quem a lançara
E o objeto quebrado, agora junta os cacos

sábado, 27 de janeiro de 2018

O Triunfo





Alfred_Guillou_-



Não há dor que seja eterna
Nem eterna tua ausência
Já te disse- te quero com insistência
Porém, igualmente me torno ausente

Te quero ao meu modo, aqui entre fios
Superei-me ao assumir minha fraqueza
Apesar de todos os males que o romance me dera
O mais sensato é manter-me fora de teu alcance

Não quero renovar-me a memoria
Quero eu que ela permaneça retroativa
Assim durante meus delírios
Te terei por miragens

Blindo-me de uma indiferença estupenda
Mas, meus olhos ficam cegos diante –
De alguma possibilidade de ver-te
Meu coração se torna um cachorro medroso

M.Rosseau


quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Dedicado Alcorão do Romance




Bouguereau



Dedicado alcorão do romance
Quero que em ti meu amor predomine
Predomine em mim a instância de um eflúvio atordoado
Travando em mim tuas profecias que perfuram meu ventre

Pequenas agulhas voadoras doem mais que uma flecha lançada
Pequenas gotas de amor doem mais que um mar de ódio
Tua rejeição de longe era uma profecia
Teu amor de perto, bem pertinho era um mito

Dedicado alcorão do romance
Quero que de mim este amor se retire
Saia, antes que a vida me abandone e reste apenas o nada
Destrave tuas queixas e mentiras distorcidas

Amor que de nada serve além do nome
Gotas de veneno, eis de me curar com tempo
Rejeição esta que me disponho a apartar
Amor este que em Roma fora um enigma

M.Rosseau



A falha tentativa é clara, esperança mentirosa...






afrodite-bouguereau



Minha abstinência é firme
Me quer com insistência
Declara o quanto sou frágil
O quão débil eu sou

Recordo-me de um passado presente
Onde meu desejo por evita-lo –
Era negro e persistente
A falha tentativa é clara, esperança mentirosa

Árdua é a beleza de um todo sentido
A fantasia que tenho de ti
Instigue toda uma possibilidade
Pois, bem sei que a realidade não finge

Já não escrevo como antes
Minhas palavras já parecem conformadas
Ainda não desistentes, porém
Ainda dou-me uma pausa para o recomeço

M.Rosseau