domingo, 13 de setembro de 2015

Carmas





Anonimo 





As migalhas que foram feitas pelos fiéis de mãos sujas
Alimentaram as pombas brancas
Que de tanta sujeira, ficaram da cor da ausência
Foram os carmas

Agradecemos a dor que alivia as tragédias
Que une as distâncias
E abraça aos severos de sangue quente
Foram os carmas

Fui feita de madeira, ar, ferro
E os pesares de minha dor aflige
Fui longe até onde a vista alcançava
Foram os carmas

Tornei-me distinta da saudade
Amei demais quem não tinha nem uma pedra
Uma pedra para jogar
Foram os carmas


M.Rosseau

domingo, 15 de fevereiro de 2015

X




august leveque


A dor que se sente rente a quem nunca amou
É a dor de quem põe uma corda ao pescoço
Ao contrário do que se espera
Assim é uma tortura e não a morte

A tolice de quem ama é tão pura
Pode chegar a ser vida ou morte
Ainda perto da quase morte
O sofrimento amadurece

Supostos amores que caem das árvores
Do solo a outras árvores
Ciclo finito, cheio de nunca.
Faltando o terminável sempre

M.Rosseau

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

XVI






Dino Valls



Fale apenas do que consome a ti
E chegarás a testemunhar a loucura infame
Dos maus homens inglórios
Daqueles que sussurram o `Amém``

E gritam ao calvário
As ordens dos falsos céus
Ilustre são os de má fé
Reinando e compartindo do mesmo vinho

Em que mera instância prolifera os adúlteros
De mãos longas, pernas e freios pequenos.
E mesmo assim se resta duvida
Sejamos os bens da matéria da luz

M.Rosseau


sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

XXII




Dino valls



Eis de repor tua própria grandeza
Sem se perder no labirinto dos enganos
Seguindo a linha de quem sente
Sinta mais do que pode teu próprio nariz

E ainda com teus pés calejados
Caminhe em suas pontas
Doerá menos e o caminho ainda que pareça largo
Será pequeno

Olhe sem medo pra raiva que te consome
Ainda homem o dever será teu
De erguer a selva carnívora
E mostrará que ainda sem carne se pode viver

Sabendo a pedra que jogas
Sabendo da mesma que recebes tu
Caminharas em reto nas travessas alheias
E teu eu nunca será alheio, será teu!

M.Rosseau