domingo, 26 de novembro de 2017

XXVII / VI



autor não encontrado


Dediquei-me a ti como num impressionismo-
Banhado de toda uma carga de óleo
Pensei- Ele fora feito para mim
Como numa escultura encomendada

Como numa literatura traçada de rubores
Aquela em que o amor-
É assassinado numa pagina já conhecida
Grande nicho revertemos

E num grande final foi percebido
Que apenas meu amor era vivido
Existia aquela esperança sorrateira
Aquela que deixa uma alumbre nos olhos

Forjei minha força ambígua
Na tentativa de desintegrar o feito
Tão doce, nobre homem
Você ainda me deve um adeus

Como dois irmãos gêmeos
Que se desconhecem frente a frente
O verso de teus lábios não li
Porém, a tua ausência me fora de grande utilidade


M.Rosseau

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

XXVII / V


Nedtrum

Meu amor, estar só agora é tão péssimo-
Quanto estar só com você
Estavas aqui e agora não mais
Eu chorei aqui e agora muito mais

Chorei por que não escolhemos quem amar, certo?
Equívoco de amantes, pois eu elegi você
Escolhi a tua melhor parte
A parte que me tocava, adiante

Mais além do que podia ver, tocar
Vi incluso você chorar, fora um espasmo
Numa tentativa má ilusa de te acalmar
Você regrediu, rejeitou o teu amor!

Quem eras tu afinal?
Era uma fortaleza impenetrável,
Sensível demasiado, aliás
Meu incomodo fora expressivo e chocante

Fui do desconhecido ao extremo desconhecido
Não vi nem uma lasquinha de quem fora tu
Mas, vi desde aqui que eras para mim
E hoje dentro dessa prisão vejo a ti como minha cela


M. Rosseau


quinta-feira, 19 de outubro de 2017

XXVII/IV






Courbet_Landscape

Desci de minha estima
Como uma folha cai de seu galho levemente,
Deixando-se levar por uma dança atemporal
Que afeta minha solidão aguda

Quem deveras saber de minha dor
Não sabe a quem o diabo ousou visitar
Pus todas minhas rosas sobre ti
E esse perfume de longe vi retroceder

Te quis com temor, ao fim
Toda a razão que pusera em mim
Ousou ressaltar a verdade
E a verdade nunca mentirá

E tu nunca mais me procurou
Houve o medo e repúdio
Até onde vai nosso labor, onde

Quem espera no fim por um bálsamo

M.Rosseau

terça-feira, 26 de setembro de 2017

XXVII / III





Desconhecido


Ele veio a mim como uma cobra já satisfeita vem a sua presa
A estima era enorme, senti que tudo acabara ali
De uma mesma forma a qual o abraço se rompe
Deitei sozinha, mergulhei em mim mesmo

Minha tristeza havia dito
Como amas alguém satisfeito com tua ausência?
Como amas uma águia que com a melhor visão
Nunca vê a ti em pranto

Lhe respondi que com minha ira
A dor se vai com um impacto
Onde marcam meus punhos
A vergonha e o arrependimento de querê-lo de pronto   

M. Rosseau

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

XXVII / II




Dinno Valls



Sinto tua ausência estupenda em mim
Pois, sei que de ti já não receberei nada mais
Além do mundo iluso que me deixas-te
Deste amor ambíguo e imaginário

Queria ver se teu peito late
Se teu estômago dói
Se teu corpo alguma vez clamou pelo meu
Assim como todas as noites retrocedo em mim mesmo

Digo-te que passo noites em claro
Declarando minha abstinência como crime
Me enveneno com tragos e tragos
Na esperança de em algum delírio te ver novamente

Em meu ar hilário, distinto
Acorrento-me diante de tamanha estupidez
Penso comigo, no auge de meu ser
Como fui em um delírio querer a ti

Chega a doer a incerteza de não mais te ver
Devias vir, ver como uma jovem encarna a tragédia
Da forma como os loucos tratam suas loucuras
Como o poeta que tudo compara e de tudo duvida

M.Rosseau
  

terça-feira, 19 de setembro de 2017

XXL



Pintura- Maika Rosseau


Não há delírio que aguente
A devasta hostilidade que me tens
Aqui guardado tenho minhas angustias
Aquelas que rasgam minha penumbra


Não há amor partido
Nem amor ferido
Não há jeito certo
Nem aquele tão perverso

Não há aquela desculpa
Que tanto o tempo culpa
Levando a necessidade de te ver
 A essas outras prioridades que ocupas

 Já devia saber que
 Tua presença em mim
Já não era completa de estima
Era repleta de linhas sem rimas


M. Rosseau




sexta-feira, 1 de setembro de 2017

XXVII




Geri gato- Lousi Vernet




Às vezes, só às vezes me perco de pronto
Às vezes me castigo por querer-te tanto
Esse drama que carrego em mim, bonito
Mais parece um delito, tipificado

Hoje me tenho convencida que te quero com insistência
Só penso que no fundo dessa fossa
Levaremos a mesma vestidura de inverno
A qual nunca se anteciparam as horas de outrem

Poderia cometer um delito
Pois, a lua não se alumbrou esta noite
 Te asseguro que não sei passear por este caminho
 Assim, nem como mendigo sabe mendigar um sorriso



Dedico á ti, homem de face lumbre.  Homem que transporta meus desejos mais íntimos em poesias tímidas e agudas. Dedico porque estiveste presente numa fase em que o nosso contraste diferenciava nossas estimas. Te dedico por que eres merecedor de cada palavra, afeto, desejo e raiva. 

                                                                                                              Maika Rosseau




segunda-feira, 24 de abril de 2017

XXIII






PaulDelaroche(HippolyteDelaroche)-saintveronica(1865)






XXIII

Desde longe esses pilares já não nos sustentam
De perto o teu egoísmo espanca minha face
A dolorosa marca da frieza
Daquela espaçosa longevidade magnifica e ilusa

Que determinava a quem meu amor pertencia
A paixão que queimava minha pele
Era a mesma que escorregava entre minhas pernas
 E me fazia mais uma a queimar sozinha

O que desde lá já regia nossa mesmice
Te peço que espere, não vá!
O meu desejo é forte e mais forte o amor que sinto
Se teus pilares estão caindo em má fé

Sejamos as ruínas que viram parte de uma bela história
E em mim ficarás eterno
Como um cristo que ressuscita ante minha íris
Como a lança que inicia o fim

M.Rosseau