quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Mindre






Aasgaardreien_peter_nicolai_arbo_mindre



Mãos atacando seu fôlego
Olhos explodidos de medo, olhos explodindo de anseio
Sátiras de melancolia, exalando seu último sopro
Folga de si mesmo, amor nebuloso

Imaginário, ciente entorpece seu alento
Agonizando em plena planta morta
Estira sua mão em sinal de salvação
Sinta o fim, o limite do chão

Estique sua feição e mostre seu amor
Mostre seu carinho explodindo sua laringe
Mostre e tire dela toda dor
Mate-a, sendo dela, um bom feitor

Estranha grandeza esta que explode e estima
Amantes cruéis e mórbidos
Amam a dor do amado
E os clamam e íntima

Num amor declarado, deseja ver seu interior
Numa súplica por sentido, deseja sua alma
O vento cobre seus sussurros
E em meio à discórdia, ele a arreta

Maika R.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Herética




Saint jerome in penitence-El greco






Visto-me do eflúvio de teus poros
Como uma simples cobra troca de pele
Assim como a maçã de esvair-se
O mesmo que a carne em fogo fica

Irritando com a infâmia do pecado
Que aos pouco deixa-te estiado
Estirado rente, presente ao chão
Frio, gelado por hora havia estado

E as sombras das tentações, prestes a cambiar-te.
Provando do enigma o centro dolente
Dolorosamente cheio de sentimentalidades
Desconfiança latente, perfura nossa criança

Maika R.















segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Hormigueo






Quadro de-Michelangelo_Caravaggio

 Se iguala a uma erupção de formigamentos
Uma dor que aperta e esmaga meu peito
É isso que sua ausência faz
Esmaga-me, me causa pânico

A temperatura de tua pele, havia de longe ser meu agrado
Querendo olhar o amargo e fixo olhar de desapego
Quero lembrar indiferente que não deixo-te um só pensamento
Ele que sempre me dão o olfato

Eles que fazem de uma convulsão
Um babar e trincar de dentes
Não deixe-me, me deixe apenas
Rancor, agora temporário

Apenas solidão de tempos solitários
Terceiras intenções, segundas, uma única
Protejo-te de todos que te molestam
Seja aquela arma desgastada, não aquela que falha

Maika R

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Caninos...






Quadro de-Luke hillestad- the constant.

 Ventre em convulsões, estalos
Pontiagudas, perfuram minhas aura

Ela havia de ser bela
Bela o quanto se podia mirar
Tinha uma pele perfeita, cremosa
Eu poderia ver aorta pulsar em seu consolo

Era uma felicidade que teria prazer em transformar
Algo popular e admirável
Estava curioso para ver sua feição de medo
Gostaria de ver a voz suave e atraente
Agora em gritos e em manhas

Imóvel em uma cadeira
Seu pulso sangrava, estavam roxos
Meus olhos brilhavam com tamanha dor
Meu sorriso se estendia, orelha a orelha

Um fio de cabelo caiu
Ela estava por um fio, implorando
Eu amo isso! Implore
Sua morte a de ser a mais agonizante possível

Quero que sua alma delate seus erros
Todos para mim
Vamos, quem você machucou com seu sorriso?
Vamos, acho que não precisará mais desses caninos.

Maika R.

Carnívora





Quadro-benjamin carbonne

 E esqueci de tantos
Esqueci de você
Esqueci que te amei
Fui mais alto
Tanto quanto podia

Eu dizia te amar
Mas, quando o ar nos separou
Eu dizia não amar
Incrível, as almas vivem sozinhas
Sim, é possível

A minha agora vive só
Talvez em um único caminho
Caminho da sombra e da luz
E essa cara de carnívora
Foi ela que te comeu o coração
Maika R.