quarta-feira, 29 de agosto de 2012








 caravaggio_narcissus



Uma estranha no reflexo
Não reconheço esta que em meu espelho
Pendura sua face e seu corpo culposo
E na noite que se incendeia
A lua esbanja seu fogo sigiloso

Estranha no espelho, é ela que vejo
As cores da ausência perturbantes
São as mesmas estranhas na escuridão
Que buscam em imagem
O seu alimento, a face do medo

És essa mulher com pênis extravagante
Um seio farto e barba feita
És aquela de longos cabelos
E ombros largos
És aquelas de sobrancelhas fortes
E silhueta definida

És a estranha que me habita rente ao espelho
És o batom vermelho de mãos cálidas
E as cobras negras perfuram suas covas
Querem descobrir quem essa tal estranha é
Um curva e um abismo

Maika Rosseau

Nenhum comentário:

Postar um comentário